domingo, 30 de maio de 2010

Memorial de Aprendizagem – Quando EU Quero Consigo


Memorial de Aprendizagem – Quando EU Quero Consigo

Tive uma infância bastante difícil. Para estudar andávamos, eu e meu irmão, quilômetros, para iniciar o primário (1ª a 4ª série). Morava em fazenda. Na época era filha de fazendeira. Depois minha mãe vendeu as terras e fomos morar mais próximos da cidade Ibicaraí, numa fazenda de meu tio. Não tinha terminado o primário ainda quando meu pai entrou na justiça para me obter. Foi uma confusão. Terminei não ficando nem com meu pai e nem com minha mãe. O juiz deu ganho de causa para minha tia. Na época ela estava indo para São Paulo e me levou. Continuando os estudos concluir a 4ª série lá. Foi bom, pois os estudos de ela eram rigorosos. A prova disso é que quando eu voltei para minha cidade natal não conseguiram me matricular na 5ª série, pois já estavam na II unidade, ai a diretora sugeriu que eu ficasse na sala da 4ª série, relembrando os assuntos. Lembro-me que em matemática eu era ótima. Fiquei assessorando a professora. Os alunos dela não sabiam contas, por exemplo, e eu já dominava os cálculos com as operações fundamentais. No ano seguinte dei início aos estudos de 5ª série. Voltei a morar na fazenda a uns 4 km da cidade. Vinha e iam todos os dias. Estudava em escola conveniada, com muito sacrifício meu irmão trabalhava na roça e pagava meus estudos. Quando eu estava cursando a 6ª série viemos morar na cidade, para facilitar nos estudos. Comecei a trabalhar para ajudar no sustento da família.

Concluindo a 8ª série eu já sabia o que queria fazer. Queria fazer contabilidade para ser contadora. Iniciei os estudos do ensino médio e nesta época me casei.

Conseguir fazer o curso de Contabilidade. Nasceu meu primeiro filho. Com muito sacrifício, estudava, trabalhava e cuidava de casa. Concluir o curso, com pretensão de trabalhar num escritório de contabilidade. Nunca foi possível, também nunca tive pretensão de ser professora, pois sempre achei uma classe sofredora. Queria ingressar numa faculdade para estudar advocacia, com interesse de ser promotora, pois sempre fui apaixonada pela promotoria. Fiz vestibular, mas minha classificação não ficou entre os previstos. Para não ficar parada dei início ao curso de magistério, por falta de opção e por interesse, pois na época o professor que lecionava tinha meses de férias. Quando eu comecei a estudar passei a gostar e paralelo aos estudos dava banca de matemática, pois era meu forte. Concluir o magistério. Tive meu segundo filho. Fui convidada para trabalhar no Supletivo como secretária. Na época era o Núcleo Avançado de Educação de Adultos, na Academia de Educação Montenegro em Ibicaraí. Por uma precisão numa emergência substituir a professora de matemática. Depois disto fui convidada para lecionar na 5ª e 6ª série. O interessante que foi na escola que eu estudava. Por carência de profissional na área, como foi sempre o problema do estado, eu passei a lecionar de 5ª a 8ª série. Estudava os assuntos sozinha. Quando tinha dúvida procurava os colegas. Participei de vários cursos – o que sempre me ajudou, pois adquiria mais conhecimento e enriquecia minha formação. Trabalhei também neste mesmo colégio nas Faculdades Montenegro como auxiliar de secretária do curso de Educação Física. Fazia de tudo um pouco. Quando o curso de Pedagogia foi aprovado nesta mesma faculdade eu fiz vestibular e fui classificada entre os previstos. Fui aluna da primeira turma. Cursei o mesmo em três anos e logo após fiz pós-graduação em Planejamento Educacional. Quando estudei no curso de pedagogia enfrentei muitas dificuldades financeiras. Fui demitida do trabalho. Passei a dar banca de matemática, vender jujú, brigadeiro e biscoitinhos caseiro para pagar minha faculdade.

Logo após o Estado ofereceu o concurso para professor primário. Fui aprovada e comecei a lecionar no primário – nas séries iniciais. Foi um sofrimento, pois já trabalhava com adolescente – é um ambiente e passei a trabalhar com criança também – ambiente totalmente diferente.

Foi uma luta árdua, porém houve uma emergência e mudança de colégio onde a escola que eu trabalhava transformou-se em colégio. Tive a sorte de ficar no mesmo e trabalhar no ginásio. Por falta e carência de profissionais em matemática, passei a lecionar no ensino médio na disciplina matemática. Lecionei também na disciplina Fundamentos da Matemática onde eu gostava muito, pois eu ajudava a formar professores.

Na cidade vizinha o município ofereceu um concurso, onde eu me inscrevi e fui aprovada. Comecei a lecionar de novo no primário. Em minha cidade lecionava no ginásio e no município vizinho lecionada em escola do Sítio do Menor – crianças carentes, rebeldes, indisciplinadas e muitos deles com passagem no juizado de menor. Aconteceu que outra escola do bairro estava oferecendo vagas em matemática e não se encontrava profissionais habilitados e nem os que gostavam de matemática. Aproveitei esta oportunidade e pedi minha remoção para lá. Passei a lecionar matemática e ciências nas 5ª e 8ª série.

Sempre gostei de matemática e sempre quando tinha oportunidade participava de cursos de matemática e outros. Foi participando destes cursos que eu comecei a mudar minha prática pedagógica que era muito rigorosa e adquirir conhecimentos e metodologias para lecionar a matemática. Modesta a parte sempre fui ativa e criativa. Isto me ajudou bastante no ensino da matemática.

Quando eu percebi que não ia ter condição de estudar advocacia para ser promotora – pois não passava nos vestibulares das Universidades Estaduais e outra profissão que sonhava era na Arquitetura em nossa região não oferecia passei a sonhar em fazer matemática. Não só para a minha formação, mas para lecionar em uma universidade. Meu sonho.

Em matemática sou apaixonada pela área de geometria e problemas, pois eu acredito que devam andar juntos. Trabalho muito com meus alunos a situação problema e a geometria dando sentido e vida à matemática. Participei de três vestibulares para matemática e nunca fui selecionada. Ficava sempre na expectativa. Quando o estado ofereceu o curso – matemática presencial, ele impôs limites. Mesmo assim fiz o teste de seleção. Fui selecionada, mas não pude fazer a matricula pelo motivo de eu ter pós-graduação. Ai chegou o EAD. Que bom quando eu soube que fui selecionada. Dei pulos de alegria, divulguei e fiz propaganda, pois era o que eu mais queria.

Tinha muito interesse em fazer o curso de Licenciatura em Matemática. Primeiro para minha formação profissional e depois existe a possibilidade de eu não só crescer profissionalmente, mas também financeiramente, pois fiz o Exame de Certificação Ocupacional do Estado, fui aprovada, mas como não sou licenciada em matemática não teve aproveitamento no Estado. Mesmo assim nunca deixo de participar. Fiz o mesmo exame para Dirigente escolar e fui aprovada. Sei que para o meu crescimento financeiro não irá servir, mas para o meu crescimento profissional é válido.

Cursei Licenciatura em Matemática na Universidade de Salvador – UNIFACS/EAD. O curso foi muito bom. Tivemos profissionais competentes que desenvolveram trabalhos interdisciplinares e reais voltados para a realidade regional. Durante o curso tínhamos acessória no 0800, ambiente virtual, vídeo conferência e semanas presenciais em Salvador. Estamos aguardando a colação de grau que está prevista para acontecer em Salvador no mês de junho.

Estou fazendo Curso Básico – Formação Continuada Mídias na Educação no e-ProInfo – Ambiente Colaborativo de Aprendizagem que utiliza a Tecnologia Internet e permite à concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio à distância e ao processo ensino-aprendizagem em parceria com renomadas instituições de ensino, neste caso a UNEB e iniciei o curso Tecnologias na Educação – Ensinando e Aprendendo com as TIC neste mesmo processo e parceria com o NTE5-Itabuna.

Desafios em sala de aula

Sempre fui desafiada em sala de aula. Talvez devido a minha personalidade ser muito forte. Na sala de aula não encontrava só alunos que não queriam estudar, mas alunos rebeldes que conversavam o tempo todo, isto quando não saiam da sala. Eles me desafiavam dizendo que não gostavam de matemática, que eu era grossa e mal-educada. Isto tudo por que eu era rigorosa e exigente. O que eu dava eu cobrava. Fazia prova sempre individual e subjetiva e não permitia consultas. O índice de alunos que iam para a Recuperação era grande. Esses em sua maioria iam para o conselho de classe. Onde eu me encontrava para impedi-los de ser aprovados. Tudo isto acontecia. Hoje a minha prática pedagógica é diferente. Faço debates, trabalhos em grupo, produção de textos, apresentações pelos alunos, avaliações objetivas, etc. Tudo em prol do conhecimento do aluno e de sua aprovação. O índice de recuperação muitas vezes é zero.

O professor e o profissional

Existe uma diferença entre o professor e o profissional de educação. Professor é aquela pessoa formada, com diploma e tudo. Profissional é aquele que exerce sua profissão com dignidade e honradez, com competência e responsabilidade. Ao longo de meu trajeto escolar encontrei colegas professores, pois não gostavam da disciplina, mas atuavam por acomodação. Estes não desenvolviam um bom trabalho, Passavam o ano letivo dando operações fundamentais e alguns conteúdos simples.

Atualmente estou Lecionando no Colégio Estadual Luis Eduardo Magalhães – CELEM em Ibicaraí nas disciplinas Matemática e Física nas turmas 1º e 2º ano Ensino Médio e na Escola Municipal Lourival Oliveira Soares estou Coordenadora Laboratório de Informática.

As TICs já estão agregadas as praticas educacionais, sabemos que tem muitos Colégios com limitações por diversos motivos. Ao ingressarmos no curso queremos que este atenda a todas as nossas expectativas. No meu caso esse curso deve atender o conhecimento para potencializar as aulas com os atrativos e recursos que correspondam com nossas expectativas.

É um grande desafio e também uma enorme satisfação fazer parte deste momento histórico no qual a educação passa por transformações procurando adequar a escola que atenda a nova geração com suas diversas formas de acesso a informação e comunicação. Gente é assim que eu vivo: Educação buscando a qualidade + divertimento. Estou feliz fazer o que. rsrsrsrsrssrrrrrrrrrrrr

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